Educação

Aracruz promove formação sobre Educação Inclusiva para profissionais da Rede Municipal

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Na tarde desta quarta-feira (16), o Plenário da Câmara Municipal de Aracruz sediou a formação "Educação Inclusiva: por uma escola para todos". A iniciativa, voltada para diretores, vice-diretores, pedagogos e professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da Rede Municipal de Ensino, foi conduzida pela pedagoga e docente da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Cinthya Campos de Oliveira.

A secretária da Semed, Jenilza Spinassé, deu as boas-vindas aos educadores, enfatizando a complexidade e a importância do processo de inclusão para toda a rede. "Sabemos que o processo de inclusão é um desafio e não tem uma receita pronta. Por isso, juntos temos que buscar e construir um processo, sendo que cada sujeito é único em sua individualidade, comportamento e forma de aprender. Hoje, teremos uma valiosa oportunidade de aprendizado com a professora Cinthya, uma estudiosa da área, que nos auxiliará a aprimorar o cuidado nesse processo tão desafiador em nossas escolas", destacou a secretária.

Jenilza Spinassé também informou que a rede municipal atende atualmente 1047 estudantes com laudo, sendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) o de maior incidência. "Há crianças com deficiência que acompanham o fluxo e o ritmo da proposta educativa de maneira esperada, enquanto outras demandam um trabalho adicional, seja com o setor intersetorial ou com o apoio colaborativo do professor de AEE. Essas questões precisam ser discutidas hoje para expandirmos nosso conhecimento e prática. Embora tenhamos 1047 estudantes com laudo, não é o laudo que define a necessidade de um profissional de apoio (Apeb), mas sim nossa compreensão individual de cada aluno, para que, a partir dessa análise, busquemos os recursos necessários", explicou.

Atendimento Educacional Especializado (AEE)

Cinthya Campos iniciou sua apresentação conceituando o AEE como um serviço da Educação Especial oferecido nas escolas para assegurar o acesso e a participação plena de crianças e adolescentes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Ela esclareceu que o AEE não se configura como reforço escolar, mas sim como uma estratégia para promover a autonomia do estudante e seu acompanhamento das atividades na sala de aula comum, com o objetivo de remover as barreiras que dificultam o aprendizado e a participação.

"Dialogar sobre essa temática é crucial para construirmos juntos caminhos viáveis para uma escola mais inclusiva, democrática e humanitária. A educação inclusiva não se limita a uma educação para pessoas com deficiência, mas abrange uma escola democrática para todos. Precisamos compreender que uma escola que não inclui alunos com deficiência, negros, mães, jovens e adultos, não pode ser considerada verdadeiramente democrática e inclusiva. Essa perspectiva deve guiar nosso trabalho", enfatizou a pedagoga.

A professora da Ufes compartilhou uma experiência pessoal transformadora ao lecionar para uma criança com Síndrome de Down. "A partir desse contato, minha concepção e compreensão sobre o que é aprendizagem se modificaram completamente. Minha visão sobre o sucesso profissional também evoluiu, pois antes eu acreditava em um modelo homogêneo de aprendizado, que a experiência com a Débora desmistificou", revelou.

Ela alertou para a disseminação de desinformação que erroneamente apresenta o autismo como uma doença a ser curada, tratando a deficiência como um problema e não como uma condição inerente à diversidade humana. "As raízes de nossos desafios não residem nas diferenças em si, mas na forma como aprendemos ou entendemos a educação e a educação inclusiva. O lugar da criança com deficiência é na escola, e é por meio da educação e da escolarização que garantiremos seu desenvolvimento contínuo, o acesso à interação com os colegas, ao currículo e ao conhecimento escolar", argumentou.

Durante a formação, foram abordadas questões relativas às Salas de Recursos Multifuncionais e ao Trabalho Colaborativo. As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços equipados com materiais, recursos e tecnologia assistiva, onde o atendimento especializado é oferecido pelo professor de Educação Especial no contraturno escolar. O trabalho colaborativo, por sua vez, consiste na parceria entre o professor do AEE e o professor da sala comum, visando a troca de informações sobre o desenvolvimento do estudante e o planejamento conjunto de estratégias para garantir sua participação efetiva nas aulas.

Ao final do encontro, foi esclarecida a razão do AEE ocorrer no contraturno, reforçando que ele não substitui as aulas regulares, sendo fundamental a presença da criança na sala comum com seus pares para a aprendizagem do currículo escolar. Adicionalmente, foi definida a função e a importância do profissional de apoio, que atua no cotidiano do estudante na sala de aula, auxiliando em atividades de cuidado pessoal, locomoção e alimentação, sem exercer o papel de professor ou substituir o AEE.