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Filha diz que furúnculo causou a morte de André Ruschi
Morreu no início da noite desta segunda feira (04), o biólogo André Ruschi, um baluarte na luta em defesa do meio ambiente.
Pesquisador, criador e diretor da Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Santa Cruz, Aracruz, André Ruschi, 60 anos, estava internado no Hospital Jayme Santos, em Laranjeiras II na Serra, desde o dia 07 de março.
Em conversa com o Site Aracruz na manhã desta terça feira (05), Anita Ruschi, filha do biólogo, disse que a morte do pai nada teve a ver com a suposta queda de uma árvore, como vem sendo noticiado na imprensa.
“Meu pai escondeu da família a existência de um furúnculo que, sem o tratamento adequado, foi porta de entrada de uma bactéria muito agressiva. Ele não queria ir para um hospital e não contou para ninguém achando que seria de simples tratamento”, disse a filha.
No dia 12 e março o biólogo foi internado com choque séptico, estado em que todos os órgãos param de funcionar, segundo Anita Ruschi. No hospital, os médicos a tirar o paciente do estado de choque, mas um segundo choque foi irreversível e levou o biólogo à morte.
Anita Ruschi disse que o pai era muito presente, carinhoso e alegre. Gostava tanto de viver que costumava dizer que chegaria aos 120 anos. Viveu exatamente a metade do tempo dando uma imensa contribuição para o meio ambiente através de seus ensinamentos e projetos que fizeram e continuarão fazendo a diferença.
O corpo de André Ruschi será velado no cemitério Parque da Paz, em Vila Velha, onde será cremado na noite desta terça feira ou manhã de quarta.
Saiba mais sobre André Ruschi
Filho do famoso cientista capixaba Augusto Ruschi, André Ruschi morava na Estação cujo nome homenageava seu pai. Lá ele recebia estudantes, cientistas e ambientalistas de todas regiões do Brasil e também do exterior.
Referência na luta pela preservação ambiental, André Ruschi escreveu o capítulo de Meio Ambiente da Constituição Brasileira de 1988 (Art.225).
No período em que trabalhou no Conselho Estadual de Saúde, foi autor do projeto que criou as reservas marinhas Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz e a Área de Proteção Ambiental Costa das Algas, que se estende de Comboios em Linhares até a praia de Capuba, na Serra.
Após o rompimento das barragens da Samarco, em Mariana, Ruschi foi o primeiro a estimar os impactos da lama no mar do Espírito Santo e alertou para a possibilidade do rejeito e chegar ao Parque Nacional de Abrolhos, possibilidade esta descartada por muitos e inclusive pelo Ministério do Meio Ambiente.
A projeção de Ruschi começou a se confirmar no inicio da semana passado, após publicação dos primeiros resultados da força tarefa interinstitucional que detectou contaminação por metais pesados em espécies de peixes daquela região como linguado, roncador e o peroá, além do camarão.
Em novembro de 2015, o biólogo concedeu longa entrevista ao Site Aracruz na qual expôs suas preocupações e projeções dos impactos que a lama da Samarco poderia causar. A matéria alcançou mais de 217000 visualizações.
Após o episódio, o ambientalista sempre denunciou os descasos com a situação do Rio Doce e sempre defendeu punição para os culpados.
Confira a matéria anterior com André Ruschi:
Lama tóxica pode atingir lençol freático, comprometer praias e interromper produção agrícola