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Índios de Aracruz fecham rodovias em protesto contra a Samarco

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Índios das etnias Tupiniquim e Guarani impedem, desde a manhã desta quinta feira, a passagem de caminhões pelas Rodovias ES 247 e ES 010 em Aracruz, nas proximidades da Vila do Riacho. Eles usam até tratores para interditar as vias. No início do protesto, que começou por volta das 7h30, só eram impedidos de passar carretas usadas no transporte de madeira e celulose . O protesto é contra os danos ambientais causados pela lama de rejeitos da Samarco, que desceram pelo Rio Doce, após o rompimento da barragem em Mariana-MG.

Os índios querem que a Samarco assuma os impactos causados em suas terras. Entre os danos, os eles apontam a mortandade de peixes no mar de Comboios e no Rio Riacho, que recebe água do Rio Doce através do canal Caboclo Bernardo. Os indígenas querem ainda um estudo de impacto no Rio Piraqueaçú onde já estaria havendo mortandade de ostras e outros mariscos.

Segundo Vilson Benedito de Oliveira, chefe da coordenação técnica da Fundação nacional do Índio - Funai, em Aracruz, representantes dos índios já estiveram reunidos duas vezes com advogados da Samarco na tentativa de um acordo. A última reunião ocorreu na quinta feira, 31 de janeiro, no Hotel da Praia, em Coqueiral. Ainda segundo Oliveira, a empresa admite apenas os danos no mar de comboios e como compensação, ofereceu um salário mínimo para cada família e mais 20% por cada membro familiar, nos mesmos padrões que vem sendo negociado, por exemplo, com famílias de pescadores. Porém, Oliveira informou que para a Funai e Ministério Público, os índios têm modo de vida diferente, com maior utilização de recursos naturais e por isso deveriam receber uma assistência diferenciada.

A Funai entende ainda que os danos aos índios ultrapassam os limites de suas terras e qualquer dano no entorno dessas terras refletem diretamente na vida indígena.

Oliveira acrescentou que os advogados da Samarco se mostraram irredutíveis e, afirmando que não mudariam a proposta, se retiraram da mesa de negociação. Com essas manifestações, os índios esperam a retomada das negociações com a empresa.

Desde o dia 31 de janeiro, os indígenas mantêm interditado o ramal da ferrovia que interliga a linha principal de trem, a Fibria e o Portocel.

Como é característico nos protestos indígenas, a manifestação desta quinta feira não tem hora para acabar. Os índios se dizem dispostos a manter o protesto até que a Samarco reabra as negociações.

O Site Aracruz entrou em contato com a Samarco que ainda não se manifestou sobre o caso.