Política
Prefeito Gil, de Fundão, fala sobre dificuldades em sua gestão e anuncia obras
O prefeito Gilmar de Souza Borges, do Município de Fundão, na Grande Vitória, recebeu em seu gabinete o jornalista Josimar Silva, do Site Aracruz, para uma entrevista. Gil falou sobre vários assuntos de grande interesse da população. O prefeito respondeu perguntas sobre as maiores dificuldades no início de sua gestão> Segurança, atendimento na Unidade de Saúde em Praia Grande, a promessa de reduzir o número de secretários, aquisição de terrenos estratégicos, além de anúncios de obras, foram os temas mais abordados.
Segue a entrevista completa:
Josimar Silva: Prefeito, quais foram as maiores dificuldades encontradas nesse início de gestão, em relação às outras vezes em que o senhor chefiou o executivo de Fundão?
Gil: Peguei agora uma prefeitura totalmente desorganizada, alguns setores até inexistentes. Por exemplo, o setor de meio ambiente aqui não existia e estamos organizando agora. Não temos setor de projetos e estamos montando agora, não temos pessoal para manutenção de prédios, praças e outros. Não temos nem um pedreiro. Isso é muito ruim para quem está chegando porque são pequenos reparos que às vezes precisam ser realizados, e para isso a gente tem que licitar. Toda a equipe de licitação que montei no início se desfez, ou porque as pessoas resolveram sair por alguma razão, ou por causa da pandemia. Teve gente que foi parar no hospital por um bom tempo e tudo isso acabou dificultando. Tivemos nos últimos anos três prefeitos em apenas um mandato. Então você imagina a desorganização que é um município que em apenas um mandato tem três prefeitos. Você não sabe nem qual prefeito está de plantão em determinado momento. Isso vai criando vícios, vai criando ilhas de poder dentro da própria administração. Algumas pessoas achavam que podiam decidir as coisas independente dos demais setores. Essa falta de interação virou vício e estamos procurando fazer com que as pessoas trabalhem em equipe e de forma solidária.
Nas outras vezes em que fui prefeito, com três ou quatro meses a gente já estava deslanchando. Esse ano, por essas razões já expostas, e sobretudo por causa da pandemia, temos setores que ainda dependem de uma injeção, dependem de um acerto. Temos bons profissionais hoje na prefeitura, tanto efetivos quanto os que nós trouxemos para cargos comissionados, mas precisamos ainda ter um espírito melhor de equipe.
Josimar Silva: Então o senhor diria que a gestão ainda está em fase de reestruturação?
Gil: Sim, estamos reestruturando o setor de engenharia, setor de meio ambiente principalmente, organizando a procuradoria do município, a controladoria e azeitando esses setores para as coisas começarem a deslanchar. Isso não quer dizer que a gente não esteja em atividade. A prefeitura tem ações no município todo.
Josimar Silva: O senhor poderia citar algumas dessas ações?
Gil: Para você ter ideia, nos últimos quatro anos o município investiu R$ 8.440.000,00 (oito milhões, quatrocentos e quarenta mil Reais) de recursos próprios. Nós já fizemos investimentos em torno de R$ 9 milhões em seis meses. Com esses investimentos adquirimos terrenos estratégicos para a estruturação do município. Aqui na Sede, por exemplo, adquirimos uma área de aproximadamente 17000 m², próximo à estrada de ferro, que pertencia à família Taciano Oliveira, onde vamos construir a Praça da Ciência e Cultura, e fazer uma área para eventos. Hoje a Sede (cidade) não dispõe de uma área para festas. A festa da Cidade é feita nas ruas, sem nenhuma estrutura. Também adquirimos um imóvel aqui na rua para facilitar o acesso à via pública, assim como o primeiro, que vai facilitar o aceso viário ligando a Rua Major Bley ao Bairro Matadouro. Em Timbuí adquirimos a área para habitação popular e também para facilitar o acesso viário próximo ao cemitério. Vamos fazer a ampliação do cemitério local e adquirimos uma área de 12000 m² da antiga farinheira Tucumã, onde a gente vai desenvolver atividades culturais, atividades de artesanato e abrigar a Escola do Congo, que é muito tradicional como cultura popular. Em Praia Grande compramos uma área de 7500 m² de frente para o mar, entre o Hotel Praia Grande e a escola local. Ali vamos construir um Centro de eventos para Praia Grande, além de fazer um acesso de rua, que está interrompido, e um bolsão de estacionamento próximo à praia, já que os veículos não terão acesso direto à praia depois que fizermos a urbanização.
Josimar Silva: Quantas unidades habitacionais estão previstas para serem construídas?
Gil: No passado, durante os três mandatos, sem que houvesse qualquer projeto de habitação da esfera federal, construímos 650 unidades com recursos próprios, mutirão e buscando emendas parlamentares. Neste final de ano vamos dar início à construção de 50 unidades na região do Bairro Campestre. Para Timbuí e Praia Grande, nós ainda não quantificamos porque não sabemos efetivamente qual a demanda, mas acreditamos que também seja em torno de 50 casas, tanto em Praia Grande quanto em Timbuí.
Site Aracruz: O senhor gostaria de citar mais algumas ações?
Gil: Estamos fazendo pavimentação de área rural. Estamos fazendo com revisol (revestimento primário), a pavimentação de 10 km pegando de Três Barras, sentindo Duas Bocas, chegando nas queijeiras de Valão Grande e criando a Rota das Orquídeas. Vamos fazer uma segunda pegando de Três Barras,no sentido Carneiro, até chegar no Encruzo, criando a Rota da Tapioca. Também temos ações compartilhadas com o Governo do Estado para fazer o acesso ao Parque Goiapaba-Açú. Vamos usar o revisol intercalado com alguns calçamentos de paviess para criarmos a Rota do Mirante. Já há previsão de recursos próprios para todas essas obras e atividades. Isso não faz com que a gente fique descansado com relação a correr atrás de recursos do Estado ou do Governo Federal.
Josimar Silva: O que está previsto no projeto para a orla de Praia Grande?
Gil: A concepção inicial é fazer um calçadão para pedestres, uma ciclovia e uma pista para um veículo especial que poderia percorrer toda a praia a uma velocidade entre 10 e 20 km/h. A gente poderia transportar até 120 pessoas no percurso de toda a orla.
Josimar Silva: Durante a campanha o senhor prometeu implantar o atendimento 24h na Unidade de Saúde de Praia Grande. Existe uma previsão para que esse serviço seja oferecido?
Gil: O que ocorre é que Praia Grande fica muito próximo de Nova Almeida, no Município da Serra. Quando assumimos, a Unidade de Saúde funcionava até às 16h e estendemos o atendimento para até as 22h, se não me engano. Só que percebemos que as pessoas que eram atendidas depois das 19h, fora do verão, eram moradoras de Nova Almeida. Não tínhamos registro nenhum de pessoas de Praia Grande, ou raramente tinha demanda local. Para funcionar até às 22h, estávamos tendo uma despesa aproximada de R$ 100.000,00 (cem mil Reais). Então não faz sentido o Município de Fundão custear o de Serra em um serviço que a Serra tem com qualidade, além de estar bem mais próximo dos hospitais de ponta da Grande Vitória. Estávamos fazendo um serviço que imaginávamos, no primeiro momento, que estaríamos atendendo os munícipes de Praia Grande e, na verdade, a demanda não justificava o custo que se tinha de R$ 100 mil, já que estávamos atendendo pessoas da Serra. As Unidades de Saúde de Nova Almeida fechavam e quando surgia demanda, em vez de irem para Jacaraípe ou Laranjeiras, as pessoas vinham buscar atendimento em Praia Grande. Por isso fizemos uma adequação e a população de Praia Grande continua sendo atendida até às 19h. Há possibilidade desse horário ser estendido no verão, quando a demanda é maior. Também estamos programando fazer a informatização da Saúde. Ainda não fizemos porque adquirimos em torno de 40 computadores e a empresa não os entregou. Na hora que informatizarmos a Saúde isso vai facilitar porque o munícipe vai estar cadastrado e terá condições de ser melhor atendido em todo o Espírito Santo. Para nós, vai ser muito bom já que vamos saber quem é o nosso munícipe e qual é a demanda.
Josimar Silva: Essa informatização vai facilitar a marcação de consultas?
Gil: Facilita todo o processo. Consultas, exames, vai evitar que o cidadão peça o mesmo exame em duas Unidades de Saúde sem necessidade.
Josimar Silva: O senhor anunciou durante a campanha, que reduziria pela metade o número de secretaria da prefeitura. O senhor ainda pretende fazer isso?
Gil: Já fizemos. Enviamos um projeto de lei para a câmara, os vereadores não votaram e fomos obrigados a retirá-lo, mas não nomeamos os 13 secretários, nomeamos apenas 7 e eles acumulam pastas.
Josimar Silva: Então só houve economia com os secretários, mas não com as equipes?
Gil: As equipes foram reduzidas também. Às vezes não nomeamos subsecretários e gerências quando juntamos duas pastas.
Josimar Silva: O senhor falou em dificuldades estruturais, mas não citou dificuldade financeira, então esse problema ainda não existiu na atual gestão?
Gil: Não, porque nós já começamos cortando despesas que a gente entendeu que eram desnecessárias a exemplo de algumas nomeações em secretarias.
Josimar Silva: Já existe previsão para o início dessas obras citadas?
Gil: Essa aqui dentro da cidade, espero que até julho do ano que vem a gente já possa estar utilizando, que é essa área maior, aonde vamos fazer a Praça da Cultura e também a área de eventos. Em julho a gente já estaria com ela pronta. Com relação às estradas vicinais, 10 km devem estar prontos até o final deste ano, que é esse trecho de Três Barras até as queijeiras.
Josimar Silva: E a obra da orla, quando deve começar?
Gil: Não há previsão para iniciar porque o projeto ainda está em andamento. Também não é uma obra tão simples e depende de vários órgãos. Já fizemos reuniões com o SPU, IDAF e IEMA, já que vai haver supressão de vegetação. Fizemos levantamento topográfico de toda a área e já temos um estudo avançado, mas em Praia Grande, concretamente o que nós temos, além dessa Rua Porto Alegre que vamos licitar agora para pavimentação, ainda temos a Rua Rio de janeiro que está programada para o ano que vem, temos a Rua Espírito Santo e a Rua Minas Gerais, todas com pavimentação programada para a partir de 2022.
Josimar Silva: A Segurança é uma questão muito criticada por quem frequenta Praia Grande. A mesma preocupação já foi manifestada por comerciantes e moradores da Sede em uma Audiência Pública ocorrida no município em 2020. O senhor já tomou alguma medida para que o Governo do Estado ofereça mais segurança em Fundão?
Gil: É uma situação muito difícil, não só em Fundão, mas em vários municípios do ES. Aqui nós pagamos aluguel de um prédio para a Delegacia de polícia, mas o delegado não fica aqui porque ele é delegado também na Delegacia Regional de Aracruz. Então é complicado para a gente. Nós disponibilizamos estagiário para ajudar, entende? A gente está aí querendo fazer o que é possível, mas não é muito simples. O Governo do Estado não dá retorno por não dispor de pessoas suficientes. O ideal seria Fundão ter um delegado de polícia, já que temos três áreas urbanas significativas. No verão, Praia Grande costuma receber 50 mil pessoas. Então é preciso ter, mas não temos. Já me reuni com o secretário Ramalho (cel. Alexandre Ramalho- secretário de Segurança Pública do ES) para tratar dessas questões, mas a resposta é de que o Estado não tem, e não tem jeito. Agora vão formar um número de soldados, acho que 300, se não me engano, e a gente tá querendo que eles aumentem o efetivo daqui, mas todos os municípios estão pedindo a mesma coisa. Acredito que eles vão fazer uma análise técnica para direcionar essa distribuição. Temos essa deficiência. Nós não temos uma Segurança Pública no País compatível com as nossas necessidades.