Economia
Aracruz - Motoboys e Ubers prometem protesto nesta terça contra novo aumento dos combustíveis
Os seguidos aumentos nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobrás vêm motivando as primeiras manifestações de consumidores em alguns municípios do Brasil.
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Em Aracruz, motoboys e motoristas de Ubers prometem um ato de protesto para esta terça-feira (02), data em que os novos preços passam a ser cobrados nas refinarias.
De acordo com um dos organizadores, que entrou em contato com o Site Aracruz, a ideia é iniciar a concentração pouco antes das 10h00 em um posto de combustíveis do Bairro Bela Vista, onde os manifestantes pretendem abastecer R$ 0,50 (cinquenta centavos) e cada um pedir sua nota fiscal. De lá, os participantes sairão em carreata passando de posto em posto repetindo o ato de protesto.
“Como dependemos da gasolina para trabalhar, precisamos que o combustível esteja mais barato, porquê quando aumentamos o preço da corrida os clientes não querem pagar. Com isso está caindo muito o número de corridas”, afirmou um motoboy.
Somente nesse ano de 2021, entre janeiro e este início de março, os aumentos da gasolina anunciados pela Petrobrás somam 41,5% nas refinarias, e o diesel acumula alta de 34,1%, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros. Com este novo aumento, já são cinco os reajustes em pouco mais de 2 meses.
Apesar de o último aumento dos preços nas refinarias estar previsto para esta terça-feira (02) postos de municípios como Aracruz e Ibiraçu, reajustaram já nesta segunda-feira suas tabelas e passaram a vender, com reajuste, combustíveis que compraram por preços anteriores ao aumento. Essa mesma prática foi observada no município de Linhares no aumento anunciado em 18 de fevereiro último.
"Tem lugar que a gasolina custava R$ 4,29 e agora passou para R$ 5,35", reclamou o motoboy.
Além de protestarem contra a série de aumentos nos preços, os manifestantes de Aracruz pedem o fim Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços-ICMS, cobrado pelos Estados.
Para a Federação Única dos Petroleiros, a série de reajustes se deve à política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela Petrobrás. Veja, na íntegra, matéria publicada nesta segunda-feira (01) no site da entidade e tire suas conclusões:
Reajustes dos combustíveis podem causar convulsão social similar à do Chile
Na semana passada, houve protestos no Espírito Santo, em Minas Gerais e no Paraná. Para a FUP, somente a implantação de uma política de Estado para os combustíveis e a extinção imediata do PPI adotado pela Petrobrás desde 2016 podem dar previsibilidade aos preços, cujos reajustes constantes penalizam a população e pressionam a inflação
[Comunicado da FUP]
O novo reajuste dos preços de gasolina e óleo diesel nas refinarias anunciados pela Petrobrás nessa segunda-feira (1/3) pode ser o estopim definitivo para protestos contra a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela companhia, alertam a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos.
Além do impacto direto nas bombas do aumento de 5% na gasolina (R$ 0,1240) e no diesel (R$ 0,1294), o novo reajuste irá pressionar ainda mais a inflação, provocando reajustes em cadeia em vários itens, inclusive nos alimentos. Tudo isso em um momento de grave crise econômica, com desemprego em alta e boa parte da população à espera do auxílio emergencial do governo que não sai do papel. Somente nos três primeiros meses de 2021, a gasolina soma aumento de 41,5% nas refinarias, e o diesel, de 34,1%.
“A manutenção da injusta política de preços da Petrobrás, que olha somente para as cotações do petróleo e do dólar sem considerar os custos nacionais de produção dos combustíveis, é mais um elemento da total incompetência do governo Bolsonaro. Não podia ser diferente vindo de um presidente que nega a Covid, a maior crise sanitária mundial, que ignora mais de 250 mil mortes pela doença, que não tem um plano de vacinação da população, que sequer acelera a aprovação do auxílio emergencial, vital para uma parcela significativa da população. Bolsonaro é o maior responsável pelo caos econômico e social do país, e que tende a piorar com os reajustes dos combustíveis. A convulsão social no Chile, em 2019, começou por causa do reajuste das tarifas do metrô. Aqui já estamos registrando protestos contra o aumento dos combustíveis, e isso tende a aumentar”, analisa Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.
Bacelar menciona protestos registrados na semana passada em duas cidades do Espírito Santo. Em Linhares, no norte do estado, motoristas, caminhoneiros e motociclistas interditaram a rodovia BR-101 – uma das principais rodovias do país, que corta toda a cidade – por cerca de quatro horas contra os preços altos dos combustíveis. Em Serra, na região metropolitana de Vitória, capital do estado, motociclistas atravancaram o trânsito de uma das principais vias da cidade pelo mesmo motivo: os altos preços da gasolina. No sábado, motoristas de aplicativos e motoboys também realizaram carreata em Curitiba, no Paraná, em protesto contra o aumento do preço de combustíveis. Em Minas Gerais, o protesto foi feito por caminhoneiros que transportam combustíveis, na sexta-feira passada.
O coordenador geral da FUP reforça a posição da federação e de seus sindicatos, de que é necessário haver uma política de Estado, imune a governos e governantes, para os preços dos combustíveis. Entretanto, antes disso, é crucial a extinção imediata da política focada no PPI adotada pela Petrobrás desde 2016. Para a FUP e seus sindicatos, é possível adotar uma precificação que considere os custos nacionais de produção dos combustíveis, adotando alguns parâmetros internacionais, já que o petróleo é uma commodity global, cotada em dólar.
Quanto à redução de PIS/Cofins para o diesel e o gás de cozinha estabelecida pelo governo federal e a proposta enviada por Bolsonaro ao Congresso Nacional de revisão do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos estados, a FUP e seus sindicatos reforçam que, em que pese a imensa desigualdade tributária no país, tal renúncia fiscal não irá solucionar o problema. Pelo contrário: irá penalizar ainda mais os cofres públicos, federal e estaduais, já combalidos pela grave crise econômica do país. A isenção de impostos e a redução de alíquotas irá tirar recursos cruciais, sobretudo para a saúde.
“O governo Bolsonaro tenta jogar para os estados a responsabilidade pelos preços de gasolina, diesel e gás de cozinha cada vez mais altos, quando todos os números mostram que a causa é a política de reajustes da Petrobrás. Mesmo usando petróleo do Brasil e produzindo a maior parte desses combustíveis em suas refinarias, a Petrobrás insiste em olhar para o exterior para determinar os preços aqui dentro. Nenhuma petroleira estatal de países autossuficientes em petróleo faz isso. Quem paga essa conta, claro, é a população”, reforça Bacelar.