Meio Ambiente
Quase dois mil peixes mortos em Linhares e lama pode causar doença semelhante a Parkinson
O resultado das análises divulgadas pela prefeitura de Linhares comprova o que os acontecimentos vêm mostrando, desde que os rejeitos oriundos das barragens da Samarco atingiram a bacia do Rio Doce. A lama é tóxica.
Durante uma coletiva concedida na tarde desta quarta feira (25), representantes da prefeitura afirmaram que a água do Rio Doce não pode ser usada na agricultura e muito menos para consumo humano ou animal. Da coletiva, ocorrida no Hotel Arezzo, no Centro de Linhares, participaram os secretários municipais Rodrigo Paneto (Meio Ambiente), Mauro Rossoni (Agricultura) e Wélio Pompermayer (Comunicação), além do biólogo Luciano Cabral.
De acordo com as análises, encomendadas ao Laboratório Tommasi Analítica, a água de lama (sem tratamento) apresenta metais pesados com teor acima do tolerável para sua utilização. Chama a atenção o alto teor de Manganês. Em entrevista a um programa da TV Bandeirantes, o toxicologista Antony Wong afirmou que o Manganês pode causar doença semelhante a Parkinson, demência, agitação e agressividade, além de causar queda de QI em crianças, que ficariam menos inteligentes. Esses sintomas, segundo o especialista, levariam muitos anos para serem observados. O metal pode ser absorvido através da cadeia alimentar. Elas se fixam nas algas, que depois são comidas por peixes que, por sua vez, podem servir de alimentos para peixes maiores, por aves e humanos
Veja o resultado das análises:
A lama tóxica, que devastou o Rio Doce, já matou vários animais desde que alcançou o litoral. De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Linhares, até esta quarta feira, foram encontrados 1750 peixes mortos no litoral linharense. Aves que se alimentam de peixes também já começam a sentir os efeitos e algumas já foram vistas atordodas. A reportagem do Site Aracruz quis saber que destino vem sendo dado a esses animais mortos e a assessoria respondeu que não tem essa informação, já que o trabalho vem sendo realizado por uma empresa contratada pelo Samarco. Linhares é um dos Municípios que foram imcubidos de fiscalizar as ações da Samarco que visam mitigar o impacto ambiental.
Também nesta quarta feira, a Organização das Nações Unidas – ONU divulgou comunicado criticando a demora de três semanas para a divulgação de informações sobre os riscos gerados pelos rejeitos da mineração.
"As providências tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP para prevenir danos foram claramente insuficientes. As empresas e o governo deveriam estar fazendo tudo que podem para prevenir mais problemas, o que inclui a exposição a metais pesados e substâncias tóxicas. Este não é o momento para posturas defensivas", disseram os especialistas no comunicado.
A ONU menciona a contradição nas informações divulgadas sobre o desastre, em especial a insistência da Samarco de que a lama não continha substâncias tóxicas
A presidente Dilma Rousseff tem negado negligência no caso. A Samarco, por sua vez, tem afirmado que suas operações eram regulares, licenciadas e monitoradas dentro dos melhores padrões de monitoramento de barragens.