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Negociação sobre mão de obra local não avança e desempregados discutem novas manifestações
A luta dos trabalhadores de Aracruz pelo direito à prioridade no preenchimento de vagas no estaleiro Jurong segue firme e é grande a possibilidade de novas manifestações.
A expectativa de novos protestos, como o ocorrido em 12 de fevereiro, surge após uma reunião realizada na última quinta-feira (27), na prefeitura de Aracruz.
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Marcado após a manifestação, o encontro reuniu representantes dos trabalhadores desempregados, representantes do Estaleiro Jurong e também do Sine para discutir as reclamações de que moradores de Aracruz estariam sendo preteridos e que as empresas que trabalham no complexo Jurong não estariam ofertando todas as suas vagas através do Sine, conforme condicionante de número 021.
Condicionantes são cláusulas da licença ambiental pela qual o órgão licenciador estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor visando à minimização ou até mesmo à compensação dos impactos ambientais causados na região.
De acordo com Valdinei Tavares, presidente da Ong Amigos de Barra do Riacho, a expectativa era de que a reunião contasse também com representantes do IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e recursos Hídricos), como teria sido informado pela Jurong.
"Não houve nenhum avanço e por enquanto a forma de contração vai continuar desrespeitando a condicionante 021, segundo a qual todas as vagas abertas no complexo Jurong devem ser encaminhadas para o Sine. A condicionante também diz que para cada vaga aberta devem ser disponibilizadas 3 cartas de encaminhamento para entrevistas, mas pelo que temos observado, isso não vem sendo respeitado pelas empresas. Esperávamos que nesta reunião a Jurong mostrasse disposição para cobrar isso das empresas que atuam em seu complexo, mas isso não aconteceu", disse Valdinei.
Para o presidente da Ong, o cumprimento da referida condicionante pode ser cobrado pelo IEMA, que é o órgão fiscalizador.
“Acreditamos que, após tantas reclamações da comunidade aracruzense e de tamanhas suspeitas de irregularidades, o IEMA, como representante do Estado, não vai deixar de cumprir seu papel de órgão fiscalizador e permitir que Aracruz continue sendo prejudicada. Cada vez que se traz um trabalhador de outra região para uma empresa de Aracruz a empresa deixa de empregar um chefe de família ou um jovem do município. Onde está a responsabilidade social das empresas com o município onde elas atuam?”, questionou Valdinei.
Em assembléia realizada nesta sexta-feira (28), em Barra do Riacho, os trabalhadores decidiram que, diante da falta de avanço nas negociações, a pauta será amplamente discutida junto a outras comunidades que se sintam prejudicadas e que novas manifestações podem ser realizadas nos próximos dias.
Uma reunião da Comissão Permanente de Acompanhamento do Licenciamento Ambiental do Estaleiro Jurong Aracruz Copala - EJA pode dar uma solução ao problema, já que contará também com representantes do IEMA.
O encontro está previsto para ocorrer em 18 de março.
Jurong:
Nossa reportagem entrou em contato com o Estaleiro Jurong e aguarda um retorno sobre sua posição em relação à reunião ocorrida e seu posicionamento sobre a demanda dos trabalhadores desempregados.