Economia
Esforços do sindicato, Prefeitura e Governo do Estado renovam esperança de manutenção da CBF em JN
A lama de rejeitos oriunda da barragem da Vale, que matou mais de 130 pessoas e deixou quase 200 desaparecidas, não desceu pelo Rio Doce, mas assim como na tragédia de Mariana, chegou ao norte do Espírito Santo com força para mudar as vidas de muitas pessoas.
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Se em Brumadinho o estouro da barragem tirou tudo de várias famílias, em João Neiva, ES, uma notícia bomba ameaçou mudar a vida de toda a cidade.
A notícia dada pela Vale foi de que a empresa deixaria de fornecer minério de ferro para a indústria CBF, de fero gusa, que assim teria inviabilizada a continuidade de suas atividades. Visando evita o acúmulo de prejuízos, na última segunda-feira (25) a CBF providenciou o aviso prévio de 45% de seus trabalhadores, o que representou a demissão de aproximadamente 170 pessoas.
A notícia caiu como uma bomba na cidade devido à importância que a empresa tem para o município. Era hora de unir forças para tentar impedir a tragédia, uma vez que a CBF é a maior contribuinte de João Neva.
Foi então que representantes da Prefeitura, Câmara Municipal e do Sindicato dos metalúrgicos do ES – Sindimetal formaram uma comissão, que contou também com representantes da CBF e da Sociedade Civil, para buscar o apoio do governador na tentativa de evitar a tragédia.
Dentre os integrantes da comissão estavam o prefeito em exercício, Geraldo Barcelos e o prefeito Otávio Abreu Xavier que, mesmo de férias, não mediu esforços para defender a causa.
Durante a reunião no Palácio Ancheta, da qual participou também o secretário de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, Marcos Vicente, Casagrande fez contato com a gerência regional da Vale solicitando que a decisão fosse revista pela empresa. O gerente regional ficou de repassar o pedido para o comando nacional da empresa.
Ontem, quando o Sindimetal organizava uma grande manifestação para esta quinta-feira (28), com previsão de interdição da Estrada de Ferro Vitória x Minas e com apoio maciço da comunidade, um comunicado da CBF fez o sindicato cancelar a manifestação. A boa notícia era de que a Vale teria atendido ao pedido do governador para que revisse sua decisão e comunicou que não mais suspenderá o fornecimento da matéria prima para a indústria de João Neiva
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Importância da CBF para João Neiva
De acordo com a prefeitura, a CBF, que se instalou há 33 anos no município, contribui com mais de 50% dos impostos arrecadados em João Neiva. A empresa gera quase 400 empregos diretos e 2000 indiretos, contribuindo significativamente para a economia local.
Ainda segundo a prefeitura, a suspensão das atividades da CBF seria catastrófica, tornando inviável a manutenção da máquina pública. O desemprego de centenas de trabalhadores representaria desaquecimento da economia local, causando perdas para estabelecimentos, que teriam quedas nas vendas e, por conseqüência, pagariam menos impostos. Com a queda de mais de 50% na arrecadação, o município perderia o poder de investimento nos serviços públicos.
Sindimetal
O diretor executivo do Sindimetal, Roberto Pereira de Souza, comemorou a notícia, mas não se deu por satisfeito:
“Agora esperamos que a Vale transforme essa promessa, ainda verbal, em documento legal, para que possamos negociar com a CBF o retorno dos trabalhadores dispensados”, declarou Pereira.
O líder sindical acrescentou que as perspectivas com relação à empresa são as melhores possíveis, já que a CBF, que nos últimos dois anos vinha investindo em equipamentos e ampliando o seu quadro de trabalhadores, teria fechado um grande contrato com uma empresa alemã, o que amplia a possibilidade de retorno de todos os trabalhadores dispensados.