Vereadores de João Neiva rejeitam denúncia de irregularidades na limpeza urbana

Seguindo o exemplo da câmara dos deputados, que impediu que o presidente  Michel Temer fosse investigado, a câmara de vereadores de João Neiva também não permitiu o avanço das investigações da denúncia de irregularidades no serviço de limpeza urbana do município, prestado pela empresa Fortaleza Ambiental Gerenciamento de Resíduos LTDA. Foto ilustrativa

Matéria relacionada: Câmara pode aprofundar investigações na limpeza urbana de João Neiva 

Após o Brasil assistir a rejeição às denúncias de Joeslei Batista, dono da JBS, que gravou conversa comprometedora com o presidente Michel Temer, nesta terça-feira (05) foi a vez da Câmara Municipal de João Neiva ignorar a irregularidade já admitida pela empresa e pela prefeitura, e rejeitar, por 7 votos a 3, denúncia feita ao Ministério Público e à própria Câmara Municipal.

A denúncia do cidadão Marcos Ribeiro aponta, entre outras irregularidades, a medição de ruas supostamente varridas em alguns bairros do município. Com a suposta irregularidade, a prefeitura teria pagado, no mês de março, valores superiores aos devidos á empresa, segundo denúncia.   

Após Ribeiro pedir esclarecimento através da Câmara Municipal, que chegou a abrir uma Comissão Especial de Investigação, tornando pública a irregularidade com base na própria planilha da empresa, a Fortaleza Ambiental se comprometeu a devolver ao município a quantia que recebeu a mais. A informação sobre a devolução foi passada pelo vereador Laert Liesner, que também confirmou um pedido de desculpas que teria sido feito pela empresa.   

Mesmo após o suposto reconhecimento e pedido de desculpas por parte da empresa, a maioria dos vereadores entendeu que não há mais necessidade de qualquer investigação. Os cidadãos de João Neiva estão até o momento sem esclarecimento de algumas questões fundamentais para o bom andamento de qualquer serviço público: O pagamento é feito com base apenas no que informa a empresa? A prefeitura efetua pagamento sem conferir se o serviço prestado corresponde realmente ao valor calculado? De quem é a responsabilidade por fiscalizar o serviço da empresa? Quem autorizou o pagamento? O valor pago a mais não seria, no mínimo, indício de ingenuidade de quem administra a secretaria responsável pelo pagamento à empresa?

Mesmo com tantas questões não esclarecidas, sete vereadores preferiram votar contra as investigações.

O resultado da votação deixou indignado o Autor da denúncia.

“O que aconteceu na sessão de ontem foi um tapa na cara da população que paga impostos e o salário dos vereadores que não querem fazer o trabalho para o qual foram eleitos. A câmara de vereadores perdeu uma grande oportunidade de dizer à população que não concorda com o que está acontecendo em nosso país, e que está ali para fiscalizar o executivo e investigá-lo, se for necessário, e não apoiar ações que podem lesar o erário e lançar em descrédito ainda maior a classe política”. O desabafo é de Marcos Ribeiro Gomes, autor da denúncia.

Apenas três vereadores votaram a favor das investigações: Renan Pattuzzo (PRP), Marcelo Campostrini (PHS) e Glauber Tonon (PT do B).