Política

Vice-prefeito de Aracruz conta por que rompeu com Coelho e o acusa de tentar “matá-lo” politicamente

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Josimar Silva

Três meses após o rompimento definitivo com o grupo do prefeito Marcelo Coelho e muitas dúvidas levantadas sobre a veracidade desse rompimento, o vice-prefeito de Aracruz, Anderson Ghidett (PTB), aceitou contar ao Site Aracruz detalhes sobre os motivos que o levaram a romper com o atual chefe do executivo municipal. Nessa entrevista, o empresário de 37 anos afirma não confiar no prefeito a quem acusa de falta de transparência e de tentar “matá-lo" politicamente.

Site Aracruz: Anderson, após o seu afastamento do prefeito Marcelo Coelho, muitas pessoas levantaram dúvidas se esse rompimento seria real ou uma jogada política elaborada para manter o mesmo grupo no poder. O que você tem a dizer sobre isso?

Anderson Ghidetti: Digo que não há razão para dúvidas e acredito que após esses esclarecimentos todos irão entender meus motivos.

Site Aracruz: No início do mandato tudo parecia caminhar bem entre o prefeito e você que logo assumiu a Secretaria de Governo. O que causou esse desgaste entre vocês?

Ghidetti: Eu fui secretário de governo no primeiro ano, me destaquei muito e quando chegou o início de 2014 Marcelo me exonerou, me pediu a chave da sala, me deixou sem sala, sem cadeira para sentar na prefeitura, sem nada. Ele falou que era para que eu ficasse mais solto, livre para tratar as questões políticas, mas não foi essa a minha percepção. Senti que após eu me destacar como secretário ele tentou apagar o meu brilho, não queria atenções divididas e por isso me tirou a secretaria e fiquei sem uma sala para trabalhar. De lá pra cá, a relação deixou de existir.

Site Aracruz: E porque você não tornou logo público esse rompimento?

Ghidetti: Porque eu tenho um histórico, uma vida dada com posições firmes. Eu precisava de um marco onde fosse esclarecido tudo em uma mesa, falado a verdade para eu tomar meu posicionamento e isso só aconteceu em uma reunião no final de dezembro de 2015. Até àquela reunião eu fui leal mesmo sendo pisado, mas o fato de eu ter caminhado com Hartung já mostrava que já não havia união. Na campanha para o Governo do Estado, o Marcelo estava apoiando Renato Casagrande. O Hartung me ligou, perguntou se eu caminharia com ele e eu me coloquei à disposição. Então nesse momento eu já não estava com o Marcelo, estávamos em lados opostos, porém, uma semana após eu ter caminhado com Hartung o Marcelo me chamou, pediu que eu voltasse, falou que iria ajeitar a sala pra mim e que tinha errado comigo. Eu pedi um tempo, deixei passar aquela eleição, amadureci a idéia, conversei um pouco com o governador e ele me disse que seria importante eu tentar a reconciliação. Então eu dei uma nova chance ao Marcelo, só que eu voltei e o prefeito continuou sem partilhar as decisões dele comigo e passados dois meses ele me tirou a sala e me jogou lá pro outro lado da prefeitura de novo. A sala que eu usava foi passada para o secretário de gabinete. A justificativa foi que o secretário precisaria estar integrado ao gabinete, mas na verdade o projeto do prefeito era de me “matar” politicamente. Com essas atitudes ele mostrou que não me queria na vida dele. Então eu esperei o momento em que estivesse o grupo dele inteiro reunido pra gente esclarecer a situação e eu tomar um posicionamento da minha vida. E eu não poderia continuar fazendo parte do grupo vendo tantos erros na administração.

Site Aracruz: E que erros são esses?

Guidetti: Os principais são a falta de transparência e falta de diálogo com a sociedade. O prefeito não faz uma apresentação de como andam as finanças da cidade, sobre arrecadação, qual o gasto com funcionário, em fim, não presta contas à sociedade. Por exemplo, ele inventou uma venda de imóveis do município e eu só participava de reuniões com os vereadores e às vezes com os secretários, eu só era chamado para essas reuniões, do resto nunca me consultavam, principalmente para as tomadas de decisões, mas nessa conversa sobre a venda dos imóveis eu estava presente e deixei claro que seria a favor desde que ele anexasse os projetos prioritários dentro do projeto de lei que foi enviado à câmara e vinculasse o que seria feito com o dinheiro. Ele não fez isso e diante da rejeição popular ele teve que declinar do projeto. Esse é um exemplo de falta de transparência que gerou uma repercussão negativa violenta na cidade. O Conspar (Conselho Popular de Aracruz), por exemplo, que representa a sociedade, é totalmente desprestigiado pela administração, tanto que, sem ser consultado, liderou um movimento contrário à venda dos imóveis. Eu não poderia me manter num grupo que tenta impor suas decisões com as quais eu não concordo e ainda ver meu nome sendo desgastado com isso. A rejeição à atual administração é crescente e eu não confio no prefeito.

Site Aracruz: Qual o principal motivo para você não confiar no Marcelo Coelho?

Anderson Guidetti: Não confio porque ele não compartilha decisões e ouve pouco. Como vice, como que poderia caminhar sem poder olhar para onde estava indo? Se ele não partilha decisão eu fico sem saber para onde eu estou indo.

Site Aracruz: Você pretende concorrer à prefeitura nas próximas eleições?

Anderson Guidetti: Já coloquei meu nome à disposição e acredito que com uma aliança entre a oposição podemos vir com muita força e grande possibilidade de vencer as eleições.

Site Aracruz: Por que Anderson Guideti seria um bom nome para vencer as eleições?

Guidetti: Por que tive dois mandatos de vereador, um como o mais votado do município de Aracruz e no segundo eu fui o único vereador eleito que concluiu o mandato sem suspeita de envolvimento com a corrupção, que foi generalizada na câmara. Então eu tenho uma história de honestidade que é reconhecida, além disso, tenho como conquistar 30% dos votos do Marcelo e tenho boa aceitação na oposição. Acho que esse conjunto me credencia para ser essa opção que Aracruz vem buscando.

Marcelo Coelho:

Nossa reportagem entrou em contato com Marcelo Coelho através de sua assessoria de comunicação, mas o prefeito não quis comentar as declarações do vice-prefeito Ânderson Guideti.