Meio Ambiente

Ameaçado de contaminação das praias, Aracruz não vai fiscalizar ações da Samarco

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Apesar de estar no Centro da área a ser diretamente afetada pela lama tóxica que deve chegar ao mar através do Rio Doce, Aracruz não foi incluído entre os municípios que ficarão responsáveis pela fiscalização de ações que a Samarco deverá realizar após determinação judicial.

A lama tóxica, que já chegou ao município de Colatina -ES, é oriunda das barragens da Samarco que se romperam em Mariana – MG, no dia 05 de novembro e vêm matando toda a flora e a fauna da bacia do Rio Doce.

Na tarde desta quarta feira (19), quinze dias após o maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do mundo, a Justiça Federal do Espírito Santo concedeu liminar determinando que a Samarco Mineração comece a executar, em 24h, um plano de contenção que impeça os rejeitos de chegarem ao mar onde todo o ecossistema pode ser contaminado. Caso não cumpra a decisão judicial, a Samarco será penaliza com uma multa de R$ 10 milhões por dia. O valor foi determinado pelo Juiz responsável pelo caso Rodrigo Reiff Botelho.

No pedido de liminar, o Ministério Público alegou que a chegada da lama tóxica deve contaminar a foz do Rio Doce onde se reproduzem tartarugas marinhas como as gigantes, espécie em extinção, e onde aves formam seus ninhos.

O biólogo Andre Ruschi, diretor da Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, acredita que com a chegada dos rejeitos, as praias da região poderão ser muito afetadas com a presença de animais mortos por todo o litoral. A lama poderá se espalhar por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7000 km2 no litoral ao sul, atingindo três Unidades de Conservação marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e Refúgio de Vida Silvestre em Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 ha no mar, o equivalente a 200.000 campos de futebol.

“Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos. O Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico. Cada um hectare de criadouro marinho equivale a cem ha de floresta tropical primária. Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de 20.000.000 de hectares ou 200.000 km2 de floresta tropical primária” afirma Ruschi.

Apesar de todo esse risco para Aracruz, o Município não foi incluído entre aqueles que terão a responsabilidade de fiscalizar a atuação da Samarco no cumprimento da ordem judicial.

De acordo com o portal Gazetaonline, ficarão responsáveis pela fiscalização das ações a serem realizadas pela Samarco os Municípios de Linhares, São Mateus, Fundão, Serra, Vitória, Vila Velha e Anchieta, além do Instituto Estadual de Meio Ambiente – IEMA e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis– IBAMA.

Nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura para tentar entender o motivo de Aracruz não estar entre os Municípios fiscalizadores e o que a administração de Aracruz pensa sobre isso, mas até o fechamento dessa matéria, não obtivemos resposta.

Em nota, a Samarco informou que já foi notificada e que vai analisar a determinação.