Meio Ambiente

Fibria divulga nota sobre utilização do canal que desvia água do Rio Doce

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Atualizada 12/11/15 às 11h45

Aracruz: Canal que desvia água do Rio Doce deve ser fechado para evitar danos em Vila do Riacho

O desastre ambiental ocorrido após o rompimento de duas barragens de rejeitos da Samarco Mineração, no Município de Mariana, em Minas Gerais e que vem causando imenso impacto no Rio Doce fez a prefeitura de Aracruz solicitar autorização para o fechamento pleno da barragem móvel, localizada no Rio Riacho. O objetivo é evitar que a lama que desce pelo Rio Doce chegue ao Rio Riacho através do Canal Caboclo Bernardo, por onde boa parte das águas do Rio Doce é desviada para abastecer uma fábrica da Fibria, empresa que opera a barragem móvel. A solicitação foi enviada à Agência Nacional de Águas (ANA) e à Fibria.

De acordo com a diretoria do SAAE Aracruz, a possível chegada do material oriundo das barragens mineiras poderia causar impactos ambientais na comunidade de Vila do Riacho. Com o fechamento da barragem, o SAAE espera manter o nível do Rio Riacho em condições de tratamento para abastecimento humano. A idéia é manter as comportas fechadas até que as águas do Rio Doce estejam em melhores condições.

O Canal Caboclo Bernardo, cuja principal utilização seria o abastecimento de uma Fábrica da Fibria, vem sendo objeto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI na Câmara Municipal de Linhares. Os vereadores investigam as circunstâncias em que foi aprovada sua utilização.

Moradores das comunidades Regência e Povoação, em Linhares, que alegam ser prejudicados com transposição do Rio Doce, vinham solicitando o fechamento do canal, no entanto, diante da condições atuais do manancial, a medida temporária não mudará a questão do abastecimento nas comunidades localizadas na foz do Rio Doce.

Ainda não se pode afirmar qual será o impacto quando o rio de lama alcançar o mar em Linhares. Há quem acredite que o grande volume de barro com minério de ferro pode afetar o ambiente nas praias de Regência e Povoação, podendo inclusive afetar praias de Aracruz. Para o ambientalista André Ruschi, da Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Santa Cruz, Aracruz, a “sopa de lama” poderá atingir Santa Cruz e outras praias mais ao sul do Distrito Aracruzense, no entanto, ainda é cedo para qualquer afirmativa neste sentido.

Para o ambientalista, as comportas das barragens rio abaixo não deveriam ser abertas para evitar que o material chegasse ao mar. Elas deveriam ser mantidas fechadas para conter a lama até sua retirada. Ruschi acrescentou que a idéia de que o mar tem o poder de diluição da poluição é ultrapassada.

NOTA DA FIBRIA

A Fibria encaminhou nota ao Site Aracruz, nesta quinta feira (12), esclarecendo que o Canal Caboclo Bernardo não atende somente à empresa de celulose. Veja o que diz a nota:

“A Fibria, assim como todos os demais usuários atendidos pelo Canal Caboclo Bernardo, está acompanhando a situação do avanço da lama pelo Rio Doce. Com o objetivo de preservar o ecossistema dos rios que recebem a água do Canal e de manter a qualidade da água para consumo de produtores rurais e comunidades como a de Vila do Riacho, em Aracruz, a empresa seguirá a recomendação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Aracruz e da Agência Nacional de Águas (ANA), fechando as comportas que captam água durante a passagem da lama. A suspensão temporária da captação do Rio Doce não afetará a produção da Fibria, que tem o Canal Caboclo Bernardo como fonte complementar e conta com alternativas para situações de contingência.”