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Atingidos pela Samarco interditam linha do trem da Vale, em Aracruz

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Cerca de 300 pessoas atearam fogo em madeiras sobre a estrada de ferro da Vale, que liga o Portocel, em Aracruz a Minas Gerais, e impedem a passagem de trens desde a manhã desta terça-feira em Barra do Riacho.

Os manifestantes tiveram suas vidas afetadas pelos rejeitos da mineradora Samarco, que atingiram o Rio Doce e o mar do Espírito Santo causando a proibição da pesca em vários pontos da costa capixaba.

 

Segundo Joice Miranda, uma das coordenadoras do Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, o fechamento da ferrovia ocorre em defesa de cerca de 6 mil famílias de pescadores das áreas agora reconhecidas como atingidas pelos efeitos da lama da Samarco e que ainda não receberam o benefício. “As comunidades estão lutando por esse direito e só vão liberar a estrada de ferro se forem ouvidos por representantes da empresa”, afirmou.

 

 “Como a linha férrea é utilizada também por outras empresas, a expectativa é de que essas empresas pressionem a Vale a enviar alguém para conversar com as famílias”, acrescentou Miranda.   

O desastre ambiental ocorreu no dia 5 de novembro de 2015, causado pelo rompimento da barragem de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais. Desde então milhares de famílias capixabas perderam suas fontes de renda e aguardam ressarcimento por parte da Samarco, Vale ou BHP Billiton, que fazem parte do mesmo grupo.

 

O prazo dado para o ressarcimento termina no dia 30 de abril e as famílias alegam que até o momento não foram, se quer, cadastradas pela Samarco.     

 

O reconhecimento por parte do Comitê Interfederativo ocorreu no último dia 31 de março, durante reunião ocorrida na Assembléia Legislativa de Minas, que contou com a presença de representantes do Espírito Santo.  O pedido de reconhecimento foi feito pelo Grupo Interdefensorial do Rio Doce, composto por defensores públicos dos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais.

 

A pressão gora é para forçar a Samarco a efetuar, até o dia 30 de abril, a primeira parcela do pagamento para as famílias que ainda não foram assistidas. Com esse objetivo, o MAB ficou de realizar na tarde desta terça-feira, reuniões em outras cidades atingidas como Linhares e São Mateus.

 

ENTENDA:

Quatro cidades

As Cidades de Aracruz, São Mateus, Linhares e Serra foram listadas e 19 áreas desses municípios foram reconhecidas como sendo afetadas.

Laudos

Riscos de avanço

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do governo, através de laudos técnicos, afirmou que os riscos de avanço da pluma de rejeitos decorrente do rompimento da barragem continuam, por conta da ação de correntes marítimas e dos ventos, se espalhado pela região costeira.

Pesca proibida

Atividades pesqueiras na região de Barra do Riacho, em Aracruz até Degredo/Ipiranguinha, em Linhares, até foram proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Reservas incluídas

A Reserva Biológica de Comboios (Municípios de Linhares e Aracruz); a Reserva de Vida Silvestre de Santa Cruz (Município de Aracruz) e a Área de Proteção Ambiental Costa das Algas (Municípios de Aracruz, Fundão e Serra) também foram incluídas pelo Instituto como impactadas.

Todas as áreas:

Aracruz - Portal de Santa Cruz, Itaparica, Santa Cruz, Mar Azul, Barra do Sahy, Barra do Riacho e Vila do Riacho

São Mateus - Urussuquara, Campo Grande, Barra Nova Sul

Barra Nova Norte: Nativo, Fazenda Ponta, São Miguel, Gameleira

Linhares - Ferrugem, Pontal do Ipiranga, Barra Seca

Serra - Nova Almeida